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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Perda de biodiversidade

Marcus Eduardo de Oliveira

A União Internacional para a Conservação da Natureza estima que, no mundo, por volta de 11% das espécies de aves, 25% dos mamíferos, 25% dos anfíbios, 20% dos répteis, 34% dos peixes e 12% das plantas estão ameaçadas de desaparecer para sempre nos próximos cem anos.

Esses dados estão disponíveis na obra “Biodiversidade em Questão”, (ed. Fiocruz, 2011), assinada por Henrique Lins de Barros, que acrescenta que estimativas revelam também que a quantidade de espécies brasileiras em vias de extinção é alarmante.

No âmbito brasileiro, um total de 627 espécies de animais e 472 de plantas correm o risco de não mais constar do mapa de biodiversidade. Dessas espécies, cerca de 160 são peixes, 70 são mamíferos, 20 são répteis, 130 são invertebrados terrestres, 160 são aves.

Dessa grave perda de biodiversidade, a maior parte está na Mata Atlântica, da qual restam apenas 27%; da Caatinga, restaram 63%; dos Pampas, 41%; do Cerrado, 60%; da Amazônia, 85%; e do Pantanal, 87%.

Por detrás dessa agressão à biodiversidade, em âmbito mundial, está um modelo econômico todo amparado na seguinte “equação”: extração-produção-consumo-desperdício-poluição-geração de lixo.

Para fazer “girar” esse modelo perverso de produção que destrói a riqueza natural, não nos damos conta de que somos “engolidos” pela sociedade de consumo; pois fomos, de certa forma, “educados” a entender que, se tivermos “mais”, estaremos “melhores”.

É por isso que precisamos aprender, com muita urgência, a separar a prosperidade do crescimento e afastar definitivamente de nossas vistas o mito que apregoa que o progresso virou sinônimo de produção e consumo. Em face disso, a sociedade mundial alcançou como jamais visto na história, elevadíssimo grau de derrelição (abandono, descarte).

Para tornar o aumento da produção econômica real, usa-se cada vez mais a natureza, pouco importa se haverá desperdício ou destruição das bases da natureza. Para se produzir um quilo de arroz, se gasta cerca de 2.400 litros de água, para se obter um quilo de trigo, cerca de 1.300 litros. Um quilo de alumínio necessita de 100 mil litros de água, um automóvel, 400 mil. Para a fabricação de uma simples camiseta de algodão se gasta cem litros de água.

Urgentemente, temos que pensar num mundo em que os indivíduos sejam cidadãos, não consumidores. E como apropriadamente nos lembra Cristovam Buarque: “não podemos nos acostumar com o fato de que, para acender a luz de nossa casa, foi preciso destruir florestas, expulsar índios de seus hábitats, exterminar espécies biológicas e até biomas inteiros”.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo | prof.marcuseduardo@bol.com.br
Fonte: http://domtotal.com/diario_bordo/detalhes.php?diaId=390

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