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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Papa Francisco reprova honra e prestígio

'Não deve haver lugar na Igreja para a mentalidade mundana, para a carreira eclesiástica', lembrou o pontífice.

Por Geovane Saraiva*

A Igreja Católica é, na sua essência, missionária e jamais pode prescindir da sua missão e muito menos se fechar em si mesma, diante do imperativo do seu fundador, mestre e Senhor, quando diz ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15). De modo que na sua índole, ela é levada a sair, a ir e encontrar os desanimados e afastados, excluídos e marginalizados. Vejamos o que nos disse o Sumo Pontífice, o papa Francisco: "O verdadeiro pastor, o verdadeiro cristão tem este zelo interior: que ninguém se perca. E por isso não tem medo de sujar as mãos. Não tem medo. Vai aonde tem que ir. Arrisca sua vida, sua fama, arrisca perder a sua comodidade, o seu status, perder também na carreira eclesiástica, mas é bom pastor. Também os cristãos devem ser assim. É tão fácil condenar os outros, como faziam os publicanos, os pecadores. É tão fácil, mas não é cristão? Não é comportamento de filhos de Deus. O Filho de Deus vai ao limite, dá a vida pelo outros, como fez Jesus. Não pode ficar tranquilo, protegendo si mesmo: a sua comodidade, a sua fama, a sua tranquilidade. Lembrem-se disso: que jamais existam pastores e cristãos que ficam no meio do caminho!” (06.11.2014).

Nossa vocação cristã, decorrente do nosso batismo tem por base a cruz, colocando-a diante dos olhos, na mente e no coração como sagrada, como misteriosa e indizível, mas são necessárias também a renúncia e a doação. O papa Francisco, falando aos bispos amigos dos Focolares, no dia 07.11.2014, disse assim: "Se, de fato, quisermos, como cristãos, responder de modo decisivo às tantas problemáticas e dramas do nosso tempo, devemos falar e agir como irmãos, de maneira que todos nos possam reconhecer como tais. Talvez, este seja um meio de responder também à globalização da indiferença com uma globalização da solidariedade e da fraternidade".


São João XXIII, extraordinária figura humana, iniciou o Concílio Vaticano II com o coração repleto de otimismo, fé e esperança. Que esta santa criatura nos ajude e convença em perseguir o mesmo ideal, para que diante das exigências e desafios do terceiro milênio, possamos ver um mundo menos insensível à dor e ao sofrimento, mais solidário e fraterno. É triste, disse ainda Francisco, “Quando se vê um homem que busca este cargo para chegar ‘lá’; e quando conquista o que quer, vive somente para a sua vaidade”. De fato, é através do Bispo, auxiliado pelos Presbíteros e os Diáconos, que a Igreja exerce a sua maternidade. Por outro lado, do mesmo modo que Jesus chamou os Apóstolos para que vivessem unidos como uma só família, assim também os bispos do mundo inteiro formam um único colégio, reunido em torno do papa, que é o que garante esta comunhão profunda. “Como é belo, então, quando os bispos, com o papa, expressam essa colegialidade, e buscam ser cada vez mais servidores dos fiéis! Foi o que vivemos recentemente na Assembleia do Sínodo sobre a família”, recordou o Pontífice.

Por isso mesmo é tarefa nossa caminhar na direção do projeto do Salvador da humanidade, encarnado e manifestado ao mundo como luz a iluminar as pessoas que alimentam na mente e no coração o sonho da justiça e da paz. O Augusto Pontífice, na catequese da quarta feira, 05.11.2014, faz-nos lembrar do legado do referido Vaticano II, de modo particular, na inspiração de um grupo de bispos em firmar o Pacto das Catacumbas, quando falou com veemência: "Ser bispo é serviço, e não uma honra". E disse mais: “Compreendemos, portanto, que não se trata de uma posição de prestígio, de um cargo honorífico. O bispado não é uma honorificência, é um serviço. Jesus quis que fosse assim. Não deve haver lugar na Igreja para a mentalidade mundana, para a ‘carreira eclesiástica’”. Os santos bispos, prosseguiu o papa, "nos mostram que este ministério não se busca, não se pede, não se compra, mas se acolhe em obediência, não para elevar-se, mas para abaixar-se, como Jesus, que 'humilhou a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte'". Assim seja!
* Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”.
Fonte: http://domtotal.com/noticias/detalhes

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