Tribuna
do Norte – p. 02 - Publicação: 19/09/14
Jornal
“A Ordem” – Geral - p. 08 – Publicação:
21/09/2014.
Diácono Francisco Teixeira (Assessor Jurídico da Arquidiocese
de Natal)
A
campanha eleitoral já entra na reta final. A propaganda eleitoral veiculada
pelos meios de comunicação, paga pelo contribuinte, apresenta-se num cenário
deslocado da realidade atual do Brasil e do Estado. Todos os candidatos, sem
exceção, se dizem comprometidos com as necessidades mais prementes da sociedade,
espacialmente, com os graves problemas que afetam a vida da maioria do povo
brasileiro. No entanto, após as eleições, ninguém mais se lembra das
promessas oferecidas ao cidadão. E os pobres continuam esquecidos,
restando-lhes continuar mendigando os direitos fundamentais imprescindíveis à dignidade
humana, como o acesso às políticas públicas de saúde, segurança e educação,
dentre outras. A indiferença com que as demandas provindas dos pobres são
tratadas denota o quanto a maioria dos candidatos prefere acudir os interesses
das empresas que “investem” e financiam suas campanhas. Saúde, segurança e
educação pública de qualidade não garantem o retorno às empresas que financiam
esses candidatos. Diante desse cenário, o cidadão se vê diante de um enorme
desafio. Escolher um candidato que transmita confiança e que seja honesto no
trato com a coisa pública. Não basta escolher um nome. O alcance da
responsabilidade e das consequências do voto não permitem atitude simplória,
sob pena do alto custo de decisões inadequadas sobre o executivo e a
representatividade. Uma gama enorme de fatores interfere na consolidação dessa
esperada postura cidadã, obviamente na contramão da inadmissível proposta do
voto nulo ou do não comparecimento às urnas.
Eleições
garantem o exercício nobre da cidadania. Por isso mesmo, supõem e exigem
preparação individual muito mais elaborada. Um espinhoso processo de
discernimento pela articulação e confronto desta gama de fatores que perpassam
o emocional, as razões ideológicas - necessariamente presentes no embate
eleitoral - e os interesses econômicos, atingindo um horizonte político de
maior elaboração e clarividência. Fácil não é. Escolher apenas por simpatia,
sob impulso, é um tremendo risco. É indispensável analisar programas e
propostas das coligações partidárias e ponderar elementos, especialmente
aqueles de inegociável sensibilidade social, num momento em que o pobre e o
excluído precisam ter prioridade de tratamento e destinações. Também não se
pode dispensar o compromisso dos que têm competência para gerar e garantir
dinâmicas de crescimento econômico e a consequente inclusão social. Trata-se de
um exercício político que inclui atividade e conhecimento e disposição para
debates e confrontos, nas rodas familiares, de amizade e profissionais, em
exigente processo de discernimento.
Agora
é hora de buscar indispensável avanço na sociedade. A população mais pobre
obteve nas últimas duas décadas conquistas no campo das políticas públicas de
combate à desigualdade e exclusão social de suma importância para dignidade
humana de milhões de brasileiros. Assegurar sua continuidade e aperfeiçoamento
se impõe no momento de fazer a escolha para votar. O momento exige uma decisão
de cada eleitor. Urge qualificar a política, dar velocidade às mudanças
necessárias, corrigir injustiças e cultivar o gosto pela solidariedade. A
sociedade brasileira espera isso dos políticos e ainda não se vê efetivamente
contemplada com as propostas. Exige-se a preferência dada aos pobres para gerar
efetivas políticas emancipatórias e não apenas compensatórias. A construção do
novo, em política e em cenários de igualdade social, é processo complexo que
supõe um passo a passo até que se possa alcançar a meta, responsabilidade de
todos, de uma sociedade mais civilizada, mais justa e solidária. Também é da
responsabilidade dos políticos assegurar aos cidadãos uma gestão pública de
qualidade, conduzida por servidores públicos, concursados ou comissionados, com
capacidade técnica reconhecida e comprometidos com os enormes desafios que se
abateram e aviltam a dignidade humana de milhões de brasileiros que mais
precisam da atuação qualificada do Estado.
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