O Assessor Jurídico da Arquidiocese de Natal e Coordenador Estadual do Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC), Diácono Francisco Teixeira, publicou artigo em que faz vários questionamentos e alerta o cidadão para ter maior atenção e compromisso de cidadania no ato de votar. Leia, na íntegra:
É o tempo para
concertação
Mais uma vez somos convocados a participar do processo eleitoral, já
iniciado, pelo qual escolheremos, através do voto livre e soberano, aqueles que
nos governarão e nos representarão pelos próximos quatro anos. É o tempo
favorável para concertação de tudo que não está dando certo no Brasil e no
Estado. Esse tempo exige reflexão, responsabilidade e compromisso do eleitor
consigo mesmo, com seus compatriotas e com o Estado, o qual deve estar sempre
orientado pelos valores republicanos, centrado na Pessoa Humana e na promoção
do Bem Comum. Já não nos é mais possível repetir e cometer novos equívocos,
fazendo escolhas dentre os candidatos que há muito nos provam não cultivarem
nenhum compromisso com a dignidade humana dos cidadãos brasileiros,
especialmente dos mais pobres, que gritam por políticas públicas de saúde,
segurança, educação e justiça social, dentre outras emergências. Cada eleitor tem a sagrada oportunidade de
(re)direcionar o caminho do Estado para as trilhas que nos assegurem a
supremacia do interesse público sobre o privado. A maioria dos candidatos já é
mais que conhecida de todos. Quem não os conhecem? Já não sabemos que são mui
espertos no jogo das palavras, dos conchavos e da enganação? Não seriam eles os
grandes responsáveis pelo caos que há muito se abateu sobre o Estado? A eles já
não foram dadas tantas oportunidades para fazerem diferente do que aí está?
Então, por que agora se apresentam – mais uma vez - como a única alternativa
para (re)conduzir o Estado à trilha do desenvolvimento sustentável? E por que
já não o fizeram? Se não fizeram até agora, farão doravante? Que sinais de
mudanças traduzidos nas atitudes, por atos e pelas ações dos candidatos
corroboram o propósito de fazer diferente? Pelos arranjos e alianças formatadas
pelos inúmeros partidos em torno de determinados candidatos, parece pouco
provável que os legítimos interesses da sociedade da qual somos parte, estejam
acima dos interesses mesquinhos, oportunistas e eleitoreiros de alguns que
fazem da atividade política um meio de usurpação da esperança e crença em dias
melhores que tanto deseja o povo brasileiro. No entanto, cabe somente ao
Eleitor fazer suas escolhas. E os destinos do Estado serão o resultado dessa
escolha.
Então, se quisermos um Estado governado por pessoas comprometidas com o
Bem Comum e, por consequência, com a supremacia do interesse público, o Eleitor
precisa atuar e votar com a consciência de que a sua decisão e escolha serão
decisivas nos destinos do País e do Estado. A escolha deverá lhe conduzir para
sufragar o nome dos que realmente apresentem propostas concretas e exequíveis
em relação aos grandes desafios que temos no presente: total ausência de
políticas públicas de saúde, segurança, educação, convivência com o semiárido e
mobilidade urbana. Veja que não é suficiente bradar as propostas, geralmente
catalogadas no bonito “plano de governo” para ser apresentado na campanha.
Contudo, passadas as eleições, e eleitos, tudo esquece, tudo volta como dantes,
e o povão continua alijado de tão imprescindíveis políticas. É! As boas intenções
todos eles têm e as revelam. Porém, quando tudo passa, elas caem no
esquecimento e são ressuscitadas somente no próximo pleito. É apostar demais na
paciência e pouca memória de alguns eleitores, não? Cuidado! Há sinais claros
de que já não se pode contar com a costumeira passividade do brasileiro. Este,
mais e mais, assume o sentimento de que o Brasil lhe pertence. E, por isso, já
não deseja ser passivo e alheio aos acontecimentos e às decisões que dão rumo
ao Brasil e ao Estado. Quer, sim, participar ativamente, como Sujeito Soberano
do Estado, dos processos que lhe assegurem o desenvolvimento sustentável
alicerçado na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e no pluralismo político, valores
nos quais está assentada a República Federativa do Brasil, segundo a Carta
Cidadã de 1988.
Diácono Francisco Teixeira
Assessor Jurídico da Arquidiocese de Natal
Artigo
publicado nos jornais:
Tribuna do Norte - Opinião
p. 02 - Publicação: 22/08/2014
A Ordem – Geral – p. 08 – Publicação: 24/08/2014.
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