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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Incentivar o biocomércio

Marcus Eduardo de Oliveira

Seguir os princípios da conservação e do uso sustentável dos recursos naturais, visando o alcance da sustentabilidade, resguardando e protegendo assim a biodiversidade. Isso é, inequivocamente, o que de mais importante pode ser conseguido na tentativa de se consolidar as políticas capazes de construir um sistema econômico que dialogue com a organização dos ecossistemas.

Isso é tão necessário que se configura no imperativo de construir uma nova economia que tenha um contato mais íntimo junto às ciências naturais, notadamente a ecologia, reconhecendo, de imediato, que é o sistema de meio ambiente que fornece matéria e energia para fazer funcionar o sistema econômico.

Reconhecendo, em outras palavras, que sem o meio ambiente não há produção econômica; enaltecendo, ainda, que a economia “opera” dentro de um sistema maior chamado meio ambiente; portanto, trata-se de reconhecer, ademais, que a economia é um subsistema do meio ambiente, dependente das condições e disponibilidades de recursos naturais, dentro de uma biosfera finita.

Todos os princípios e práticas que permitem transitar rumo à sustentabilidade devem ser buscados constantemente, pois sem essa condição, sem o pleno reconhecimento de que a humanidade se encontra diante dos limites da biosfera, apenas estaremos promovendo com mais rapidez a ultrapassagem desses limites ecológicos já em franca expansão. Isso, por sua vez, somente irá nos aproximar cada vez mais de um futuro sem futuro no que tange à qualidade de vida.

Portanto, toda e qualquer atitude, individual e/ou coletiva, que forneça elementos favoráveis à construção progressiva de novas formas de organizar econômica e ecologicamente a sociedade devem ser buscadas e enaltecidas.

Nesse sentido, a prática de um comércio ecologicamente sustentado, por exemplo, se configura numa adequada e indispensável atitude.

Especificamente em relação a esse ponto, recentemente as organizações ambientais desenvolveram, e, desde então tem divulgado, a prática de algo chamado biocomércio.

Em que consiste isso? O termo biocomércio abrange as atividades de produção/coleta, transformação e comercialização de bens e serviços derivados da biodiversidade nativa (espécie, recursos genéticos e ecossistemas) que são desenvolvidas de forma sustentável, de acordo com critérios ambientais, sociais e econômicos.

A relevância da comercialização justifica-se pelo fato de que tanto a demanda de ingredientes naturais por empresas transformadoras quanto à demanda de produtos naturais finalizados pelos consumidores está aumentando continuamente.

Por ora, é oportuno dizer, sem entrar no mérito de especificar cada um dos passos, que essa noção que envolve o biocomércio abrange, ao menos, sete principais etapas: conservação da biodiversidade, uso sustentável, repartição justa e equitativa dos benefícios, sustentabilidade socioeconômica, conformidade legal, respeito pelos direitos dos atores e clareza sobre a posse de terra.
(*) Economista e professor, com mestrado pela (USP) | prof.marcuseduardo@bol.com.br
Fonte: http://www.domtotal.com/diario_bordo/detalhes

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