Durante os dias 05 à 07 de novembro, os beneficiários do P1+2 (Programa Uma
Terra e Duas Águas), dos municípios de Lagoa Nova e Cerro Corá, no Rio Grande
do Norte, estiveram no município de Itapipoca/CE, para conhecer experiências de
quintais produtivos. Acompanhados de técnicos do Centro de Estudos do Trabalho
e de Assessoria ao Trabalhador (CETRA), os agricultores visitaram a Feira de
Agroecológica e Solidária de Itapipoca. Mariquinha's, Conceiçõe's, Graça's,
Tica's, Chico's, José's, saíram cedo de suas comunidades para vender os mais
diversos produtos orgânicos produzidos nos quintais de suas casas. Hortaliças,
frutas, ovos, galinhas, carimã, bolos, flores, plantas medicinais, mel, são
alguns dos muitos produtos que são vendidos a cada 15 dias na praça da matriz
da cidade. Para o feirante Aderbal de Moura, há 08 anos a feira parecia um
sonho que estava muito distante, além do horizonte. "A partir de uma
capacitação sobre agroecologia percebemos que nosso quintal produzia muito e o
excedente produzido era desperdiçado, daí surgiu a ideia de criação da rede de
agricultores e da feira", disse Aderbal. Em seguida o grupo dirigiu-se a
comunidade Mergulhão dos Robertos, para conhecer o quintal do senhor João
Domingos Félix, mais conhecido como seu Chico, o agricultor possui uma cisterna
de enxurrada, onde com a água armazenada nas últimas chuvas, pôde plantar uma
diversidade de cultura e o excedente produzido vende de porta em porta nas
comunidades. "Depois que eu comecei
a vender o cheiro verde, já pude comprar bastante coisa que tinha vontade de
adquirir em bem material e também a alimentação melhorou", disse.
Na
mesma comunidade vive Dona Valdina, que a 5 meses que produz hortaliças e
consegue ter uma renda média de R$800,00, vendendo para o PNAE e nas casas dos
vizinhos. Após a visita Dona Valdina, ofereceu um almoço produzido com produtos
do seu próprio quintal. Distante 30 km, seguimos para o município de Trairi,
onde visitamos o Assentamento Várzea do Mundaú, na comunidade Vieira dos
Carlos, onde vivem 200 famílias. O grupo foi recebido pelo seu Zé Júlio,
presidente da Associação, onde em uma roda de conversa contou um pouco da história
do assentamento, marcado pela luta na conquista pela terra. Seu Zé, é
beneficiário de um PAIS (projeto de Produção Agroecológica
Integrada e Sustentável), uma parceria do Sebrae e do Banco do Brasil. Com a
água captada de um poço no quintal de sua casa, ele produz hortaliças, onde
comercializa semanalmente nas feiras agroecológicas dos municípios de Itapipoca
e Trairi, e consegue uma renda variando entre R$ 80,00 à R$ 300,00. O
agricultor é um dos construtores da Rede de Agricultores, que abrange municípios
do Território do Curu, e Aracatiaçu. O seu maior orgulho é ter aos 50
anos, concluindo o ensino médio. “
Quando eu saia com o livro debaixo do braço, os vizinhos diziam para onde este
“abestalhado”, vai? Por isso que eu digo que o agricultor deve ter é
persistência”, concluiu.
Ainda no assentamento os participantes do intercâmbio,
puderam conhecer três experiências realizadas pelos jovens da comunidade: A
Casa Digital Pedro Felix da Silva, o Viveiro de Mudas e o grupo musical “O
Canto do Sabiá”. Pôde-se perceber que a juventude rural
se organiza nas ações sócio- culturais, e que o trabalho do grupo musical O
Canto do sabiá e da Casa digital, no Assentamento Várzea do Mundaú, faz os
jovens consigam, através da música e do acesso à informação, enxergar outras
possibilidades que há no campo. Assim, o intercâmbio foi finalizado com
o grupo O canto do Sabiá, ao som da pancada do ganzá e com a batida do tambor, em
uma grande ciranda, com músicas raízes.
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