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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Beneficiários de cisternas visitam tecnologias sociais no médio sertão paraibano

        Durante o dia 09 de julho, a Associação dos Apicultores do Sertão Paraibano (ASPA) realizou, através de parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e patrocínio da Petrobrás, um intercâmbio intermunicipal no município de Matureia, na região do médio sertão paraibano.

           A atividade faz parte do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da ASA. Cerca de 20 pessoas, entre agricultores/as e beneficiários de cisternas de placas, participaram da visita, que teve o intuito de conhecer, in loco, as diversas experiências que estão dando certo como alternativa de convivência com a realidade local. 


          Todo o período da visita foi acompanhado pela animadora social, Claliane dos Santos, que integra a equipe do Centro de Educação Popular e Formação social (CEPFS), organização responsável pela atuação do P1+2 na região.

         No primeiro momento, os visitantes foram à residência de Dona Gracinha, na comunidade Coronel, e se depararam com uma excelente história de superação de vida. A agricultora contou que sua vida mudou completamente depois que recebeu uma cisterna-calçadão. Antes vivia com depressão, acamada, nada tinha sentido. Depois da implementação, começou a participar de reuniões, capacitações e a cuidar do arredor da cisterna com os plantios de hortaliças. Hoje Dona Gracinha fala abertamente que não sente mais nada, inclusive que deixou de tomar os fortes remédios contra a doença, e atribui a vitória à cisterna que impulsionou a sua volta ao convívio social, melhorando significativamente a sua qualidade de vida e de seus familiares.
 
 A agricultora dona Mazé apresentou a experiência dela | Foto: Eudes Costa
 
      Ainda na mesma comunidade, o grupo conheceu a cisterna-enxurrada de dona Mazé, que aproveita um imenso lajedo de pedra como área de captação de água. A agricultora tem o maior prazer de utilizar a implementação e destaca com orgulho a sua experiência. A cisterna de dona Mazé encheu com apenas duas chuvas, devido ao aproveitamento eficiente da calçada de pedra. A produção é diversificada e bem distribuída no quintal pelos canteiros econômicos, que são construídos com lonas e com o que a família dispõe em sua propriedade, uma forma de valorizar e otimizar o material a partir de   insumos acumulado. 

       Em seguida, os visitantes pararam no complexo de tecnologias sustentáveis para a segurança hídrica no Semiárido, do Centro de Educação Popular e Formação social (CEPFS). O agricultor experimentador responsável pelo campo de experimentos, o senhor José de Anchieta (Tetinha), explicou toda a trajetória do surgimento da área, a partir da compra do local, no ano de 2000, e de como era avançado o processo de degradação ambiental. À primeira vista, para uma pessoa pessimista, seria impossível recuperar a área. Mas não pra quem já tinha o propósito de transformar o espaço e fazer o reflorestamento com árvores nativas. Hoje a área é um verdadeiro exemplo de alternativas viáveis para o Semiárido, com reservatórios que aproveita declínio de pedras, aceiro de estradas, água servida, e de outras tecnologias como o biodigestor que produz gás, biofertilizante e adubo orgânico. Tudo na área é projetado para a integração dos sistemas.
 
Intercâmbio passou por unidade de beneficiamento de alimentos | Foto: Eudes Costa
 

         Ao final da visita, foi à vez de conhecer a experiência de beneficiamento de frutas das mulheres que moram na comunidade de Fava de Cheiro e Poços de Baixo, no município de Teixeira. No prédio da Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais de Poços, onde fica instalada a unidade, os visitantes tiveram uma ampla conversa sobre o processo do beneficiamento e acesso às instalações onde se faz a extração da polpa. O projeto tem o objetivo de melhorar as condições de vida das famílias, a partir do aproveitamento do potencial frutífer da região, com efetiva participação das mulheres e consequentemente contribuir com a segurança alimentar, geração de renda, sustentabilidade ambiental e acesso às políticas públicas. 
       
         A experiência das cinco mulheres faz parte da dinâmica do Fundo Rotativo Solidário (FRS) da comunidade, fazendo a devolução do investimento como uma forma de fortalecer a organização social.

        Para o agricultor Geraldo Almeida da comunidade Riacho dos Currais do município de São Bentinho, a visita foi interessante porque favoreceu um contato com algo que muda o dia a dia em sua propriedade. “A gente sempre que vem para essas visitas e nos deparamos com coisas que às vezes achamos que não é possível, mas quando a gente vê de pertinho, bem de pertinho, não tem como não levar também para nossa terra”, afirma Geraldo Almeida.

Intercâmbio - o P1+2 promove intercâmbios entre agricultores, e dos agricultores com os técnicos. Esses momentos de partilha acontecem entre comunidades, municípios e territórios. Também são promovidos intercâmbios entre os estados, incentivando uma identidade camponesa regional, sertaneja, caatingueira, geraizera e fazendo circular o conhecimento produzido nos diversos lugares de todo o Semiárido.



Fonte:
Eudes Costa - Comunicador popular da ASA Matureia - PB

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