O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira (20) que "um dos
desafios que se deve enfrentar na sociedade é a falta de
solidariedade". Em um dos discursos mais aguardados da 2ª Conferência
Internacional sobre Nutrição da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), o Pontífice ainda
afirmou que "as nossas sociedades são caracterizadas por um crescente
individualismo e pelas divisões. Isso acaba privando os mais fracos de
uma vida digna e causa revolta contra as instituições".
Segundo ele, "quando falta solidariedade em um país, todos sofrem
porque a solidariedade é uma proposta que faz com que as pessoas sejam
capazes de ir ao encontro do outro e de criar fundamentos recíprocos
sobre o sentimento de irmandade, que vai além das diferenças e dos
limites e busca atingir o bem comum". Francisco disse que é "doloroso constatar que a luta contra a fome e a
desnutrição tem como obstáculos a "prioridade do mercado" e a "primazia
do lucro", que reduziram os alimentos a algo qualquer, sujeito à
especulação".
O líder da Igreja Católica fez um forte apelo para a defesa da "Mãe
Terra" e usou um ditado argentino para explicar os motivos de sua
preocupação, que diz que "Deus perdoa sempre, os homens perdoam às
vezes, mas a natureza não perdoa nunca". Falando aos países, Jorge Bergoglio afirmou que todos devem agir de
"comum acordo" e devem ajudar-se mediante as normas e os princípios do
direito internacional. "Uma fonte inesgotável de inspiração é a lei
natural, escrita no coração humano, que fala de uma linguagem que todos
podem entender: amor, paz, justiça. Que são elementos inseparáveis",
ressaltou o Papa.
Ele ressaltou que assim como as pessoas devem atender esses valores,
os países e as instituições internacionais também precisam cultivar
esses ideais. O Pontífice destacou que é "dever do Estado" fazer com que
todos tenham acesso ao básico e que cada nação deve garantir esse
direito fundamental.
"A Igreja Católica busca oferecer também neste campo sua própria
contribuição, mediante a uma atenção constante à vida dos mais pobres em
cada parte do planeta. Nesta linha, a Santa Sé realiza um movimento em
suas organizações internacionais e com seus múltiplos documentos e
declarações. Entende-se que, de tal modo, é possível identificar e
adotar os critérios que devem ser realizados para o desenvolvimento de
um sistema internacional justo", destacou o Papa.
Aos representantes da FAO, Bergoglio afirmou que "o trabalho de vocês
atinge pessoas, pessoas famintas e, como disse recentemente, essas
pessoas não pedem nada além de dignidade. E o trabalho de vocês é
garantir que a ajuda chegue para que eles tenham dignidade".
Ele ainda alertou para o problema da falta de água em vários locais
do mundo. "A água não é de graça, como tantas vezes pensamos. Isso é um
grave problema que pode causar guerras. Agradeço pelo vosso serviço
nesta realidade internacional, que busca reduzir a fome crônica e
desenvolver setores de alimentação e da agricultura", finalizou o
Pontífice.
A preocupação com os mais pobres é uma das fortes bandeiras de Jorge Bergoglio desde que assumiu o Pontificado.
Ansa
Nenhum comentário:
Postar um comentário